
Ser Rastafari tornou a minha vida melhor? A música fez mais pessoas felizes? A Pós-Graduação tornou-me melhor na relação de ajuda?
Como qualquer espiritualidade, Rasta tem as suas próprias tradições, e os seu símbolos... Dreadlocks, Ganza, as cores Rasta, a Estrela de David, etc. [leia mais...]
Dreadlocks: estes têm diversos significados. Em primeiro lugar, pertencem à história bíblica através do voto dos Nazarenos, que proibía o cortar e pentear o cabelo. (nota: Importa aqui assinalar que ter locks não faz da pessoa rasta, e o inverso também é aplicável, há muitos rastas que optam por cortar o cabelo). As locks ou mechas de cabelo evocam a aparência de raizes, as raízes do homem, da consciência, da espiritualidade, tornam-se um símbolo da sua interligação com Jah. Como dizia Marcus Garvey, “(...) um homem que desconhece o seu passado, é como uma árvore sem raíz”. As mechas também evocam o simbolismo da juba do Leão, e da ligação a Haile Selassie I, Leão conquistador da tribo da Judeia.
Cannabis: Também conhecida como Hemp, Marijuana, Kaya, Sensimilla, Ganja, ou”Healing of the Nations”, é um sacramento usado pelo Rasta. A lenda diz que a Erva Sagrada foi encontrada a crescer no túmulo do Rei Salomão, e o seu uso provém da Bíblia “(...) e comerás das ervas do campo (...)” (Genesis 3:18), “(...) e comam toda erva da terra (...)” (Êxodo 10:12), “Melhor é um prato de hortaliça, onde há amor, do que o boi gordo, e com ele o ódio.” (Proverbios 15:17), “Fazes crescer erva para os animais, e a verdura para uso do homem, de sorte que da terra tire o alimento,” (Salmos 104:14). Rasta usam Erva para meditar (simbolizando o Arbusto Ardente), para fins medicinais (exe. Asma), fins alimentares (as sementes são muito nutritivas), para fazer tecidos, roupa, sapatos e corda.
A Bandeira Rasta: O vermelho, amarelo e verde são as cores da bandeira Rasta. O vermelho simboliza o sangue do povo, o amarelo a prosperidade roubada, mas ainda presente, e o verde o Éden africano. A bandeira pode também ser vista durante celebrações coptas na Etiópia. Vários países africanos exibem estas cores na sua bandeira, sendo as cores pan africanas (Mali, Guiné, Etiópia, Benim, Camarões, Congo, Ghana, Togo, Senegal, Moçambique, Zâmbia, Ximbabwe, etc.)
A Estrela de David: A estrela de David é o símbolo da ligação entre HIM (His Imperial Magesty) Haile Selassie e David. Quando HIM faz o selo de Salomão com as suas mãos, podemos verificar que parece a estrela de David. O Rasta revê-se na história dos Israelitas em exílio na Babilónia. A estrela David é o símbolo de Israel.
O Leão Conquistador e o Cordeiro: Ambos simbolizam HIM Haile Selassie, de acordo com “Revelações” e a abertura dos 7 selos. Representam as duas faces da mesma realidade, Yin e Yang, Bom e Mau, Princípio e Fim, Alfa e Ómega.
[fim.]Este não foi para muitos um acontecimento fortuito. Um ano antes, Marcus Mosiah Garvey, na Jamaica, teve uma visão profética, dizia que um rei seria coroado em África (não esquecer que nesta altura, apenas a Etiópia se mantinha autónoma da colonização Europeia de África).
Após a coroação de Sua Majestade Imperial Haile Selassie I (Poder da Trindade), muitos se viraram para a Bíblia em busca de sentido e confirmação. Encontraram-na nos salmos: “Um principe virá do Egipto, e a Etiópia em breve tocará Jah”. A profecia tinha sido cumprida, e estes foram os primeiros rastafari.
Além de carregar o título de “Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Leão conquistador da tribo de Judeia” presente em “Revelações”, Haile Selassie I é o 225º descendente do Rei Salomão, filho de David e da Raínha de Sabá, esta sincronicidade entra a vida de Haile Selassie I e a Bíblia fundamentou ainda mais junto dos primeiros rastas a noção de que Haile Selassie I era de facto o Salvador.
Estes Rastas da Jamaica, vinham dos piores bairros de lata, e eram frequentemente espancados, perseguidos e aprisionados. Mas foram os que lançaram as fundações deste movimento da diáspora africana, que iniciaram o resgate do orgulho e da identidade africana. Por isso são, e devem ser, até hoje reconhecidos e honrados como a vanguarda de resistência africana, que permitiu o desabrochar da filosofia Rastafari.
Se nos anos ’30 ou ’40 o movimento vivia uma calma aparente, nos anos ’50 a ’70 confrontou-se com a crescente perseguição das classes médias e altas da sociedade Jamaicana. Rastas eram considerados proscritos fora-da-lei. Por seu lado o Rasta encarava a sociedade Jamaicana como a Babilónia, símbolo do “mal” e do desequilíbrio. A sociedade era o opressor, não era o seu lar mas sim o cativeiro de um povo roubado de sua terra e identidade. Enquanto não houvesse regresso a África (Êxodo) não haveria paz.
Apesar da opressão da sociedade Jamaicana, da polícia, dos média, e mesmo da população em geral, as ideias do movimento atravessaram fronteiras, expandindo-se pelo Caribe, Estados Unidos da América (ajudadas pelo movimento do Black Power Protest "Poder Preto" nos anos ‘60), e em especia pela Inglaterra.
Em meados de ’70, o movimento viu a sua imagem mudar radicalmente graças ao impacto do Reggae e do seu maior representante... Robert “Bob” Nesta Marley.
Hoje são muitos os que aceitam Rastafari, mas ainda há muitas cabeças (Ras) que temem o julgamento da sociedade e do seu irmão. Outros lutam para viver a sua via.
[fim.]
Rastafari é uma leitura teológico-filosófica de raízes católica e afrocêntricas que religa e integra Homem e Deus. Vejo Rastafari como um movimento de Africanos (todo aquele que se identifica com África), que identifica África como o Berço da Criação. [leia mais...]
África sempre teve um papel central na história religiosa, cultural, científica e tecnológica do Homem. Simbolizada nas Escrituras como Etiópia (I-tiópia), África é um polo emocional para muitos africanos, chamando para a terra dos nossos antepassados, esses, retirados à força há mais de 500 anos pelo Tráfico Negreiro (Maafa), o Holocausto Africano.
Este chamamento é insuportavelmente pungente no Rastafari. Para Rasta é importante que o “Povo Preto” saiba da sua origem, e da sua história, para que possa desenvolver um sentimento de africanidade, orgulho e integridade. África é nobreza e o Africano é seu filho. A ninguém precisa jamais o africano de servir ou admirar.
África é património da Humanidade, não pertence ao africano, pelo contrário, é este que lhe pertence, e é aí que reside o seu orgulho, a sua identidade. Urge recuperar a cultura africana, pois foi denegrida, desmantelada, humilhada e escondida durante muitos séculos. Agora compete ao africano reclamar a sua herança para que possa dar o seu contributo para o Advento de uma Nova Consciência Global.
Vejo Rasta como um Guerreiro Sagrado, ao serviço de África, numa luta pela reconstrução de África, e pela redenção do Homem. Vejo Rasta como um Arquitecto Sagrado, como uma parte da Parede-Mestra que suporta a Harmonia entre os Homens.
Para tal, Rasta não deve lutar contra a Babilónia através das suas armas e munições, mas sim pelo resgate do seu poder ancestral, poder escondido na cultura e no subconsciente colectivo do africano. Munido desse poder, Rasta poderá trazer a união e construir a via que transforma o sofrimento que a Babilónia impõe, sofrimento que nos impede do progresso e da iluminação.
Esta visão afrocêntrica não responsabiliza o “Povo Branco” (ou de qualquer outra côr) pelos males, pois somos todos filhos de Jah. Mas no nosso seio Babilónia prospera, perturbando o Santo Equilíbrio. Babilónia são as barreiras que impomos à nossa felicidade. Babilónia é a divisão entre os Homens. Por isso rasta evita os “ismos” porque qualquer categoria divide, e deixa algo de fora. Rasta luta pela libertação do Homem, “O Povo Unido jamais sera vencido!”
“We are but One... I and I”
[fim.]
imagem tirada de
http://media.photobucket.com/image/lion%20of%20judah/sdut1/Lion-of-Judah.jpg
O Leão, é um animal de porte, e de nobreza. Usado na Bíblia para descrever Jesus Cristo como o "Leão da Judeia", evoca e empresta todo o imaginário arquetípico do chefe, líder, lutador, respeito, firmeza, ferocidade, agilidade, rapidez, destreza, aquele que faz tremer, etc...
Os locks de um rasta, também chamados de "dreads" assemelham-se à Juba de um Leão. Cada rasta é um rei na sua própria vida. Cada ser humano é um ser divino e rei de si. A nossa consciência cria a nossa realidade, o foco positivo cria uma realidade positiva e "uplifting". Assim podemos ser os Leões da nossa vida.
imagem tirada de
http://www.officialbhuldahcompany.com/night%20pyramid.gif
Palavra que tem um efeito semelhante a Amen, embora sejam muito distintas. Selah representa a pausa para pensar, o silêncio que sublinha a música, aquele momento em que abres a tua mente e te religas à raíz, e portanto à essência das coisas.
Mas todos os dias crescemos mais um pouco. Todos os dias o Amor e o Medo, o Cosmos e o Caos se degladiam, e dessa dialética nasce a Luz, o Movimento. É quando deixamos que um dos lados domine sobre o outro que surgem as Trevas.
Lutei contra o medo e entreguei ao Jahniverso o Alfa e o Ómega. As coisas fluiram, o medo não desapareceu mas transformou-se nos muitos obstáculos que pavimentam o meu caminho, mas hoje esses esbatem-se na minha memória e para trás vejo apenas o amor e as lições que aprendi.
As histórias nunca acabam, continuamos a escrevê-las e por isso os desafios também. A cada dia Jah acha-me digno de ultrapassar novas barreiras mais altas, mais poderosas... mais interiores. Agora tocam a minha essência perguntam-me quem eu sou e porque caminho aqui.
Lembrarei que o Caminho é o Tao de cada um. Uma Viagem de conhecimento, poesia e experiência, ascensão e queda, luz e sombra, sorriso e choro. Agradeço a Jah por tudo o que me abençoa. A hora é chegada para o Caminhante liderar a sua marcha.
Obrigado a todas as almas que cruzam o meu caminho, porque sem elas não seria nada... vocês são Luz. Selah
Como podem ver, em nenhuma delas refere a fé rastafari, não é que não conhecesse, apenas nunca me tinha verdadeiramente ligado ao movimento.
Se a minha vida é uma busca, acho que há muitas coisas que vou serendipidicamente encontrando no meu caminho, pequenas coisas que são jogadas no meu trilho, que aparentemente inúteis ou despropositadas depois se tornam centrais... como foi o caminho rastafari!
Frequentemente encontrava malta rastafari que me cumprimentava, porque ao deixar crescer o cabelo, foram-se formando uns rolinhos na minha cabeça, ora esta malta não só me cumprimentava, como falava comigo, e começaram a explicar-me o que era ser rastafari, tive a sorte de encontrar malta muito disponível e interessante, e simpatizei com o movimento, principalmente porque não é absolutista, mas muito anarca, porque cada um na sua relação com Jah vai fazendo o que considera justo, unidos por uma carta de princípios comuns, onde saliento o Respeito, Deus Único (Jah Rastafari), Natureza e Naturalidade (Ital), H.I.M., e África!
Cada rastafari é um guerreiro da paz e harmonia, uma fábrica da natureza e conexão com a natureza, um científico da filosofia e religião, um ditador de liberdade e união.
Há coisas que nos mudam de dentro para fora, ter um filho é assim, e aprendi bem o que isso era, o que eu não esperava era o "baque", que foi ter outra filha, onde eu pensava que era mais do mesmo, a Luana mostrou-me tudo o que de diferente se pode fazer numa segunda vez, tornando-a tão memorável como a primeira... aliás tornando-a incomparável... É o seu espaço, a sua maneira de mostrar o mundo a nós que já cá andamos há "tanto" tempo!
Obrigado ao Mais Alto, por todas as bençãos que me deu e me continua a dar.
Jah Bless
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