Foi-me dito que para ser africano, é preciso ter nascido em África, ter vivido em África, ter pais Africanos, ter côr Africana... e que por isso eu não sou africano, não preencho todos esses requisitos.
É verdade! [leia mais...]
Raiva banhou a minha vida... como é que me podem desdenhar assim!
Para os angolanos sou português, para os portugueses sou angolano, para os Lusodescententes nascidos em Angola, eu sou ainda menos angolano que eles!
Durante anos lutei para convencer a todos que eu era africano, queria ir a festas angolanas, queria gostar de comida africana, queria ser promíscuo como os homens angolanos, mas por mais que fizesse nunca sentia a aceitação, nem a "deles" nem a minha.
Com o tempo fui percebendo que só possuo a minha alma, espiritualmente ligado a todos, sou uma semente com a Doce Missão de Crescer na Luz do InI Caminho. Compete-me a mim nutrir esta semente com Amor e Paz. Este africano que procurava... eu não sou, porque eu não o conheço... é o kuduro? É o calão? É a guerra fratricida que ceifou o meu pai? É a soberba nacionalista? É Angola, Cabo Verde, Togo, África do Sul, Nigéria, Marrocos... não sei, e de facto não me revejo em nehum!
Revejo-me noutros símbolos e vivências: o amor à terra e às pessoas, uma visão cosmogônica mais ecoconsciente, o valor da família, as expresões artísticas, o sorrir no meio da adversidade, a comida, o canto...
Tudo é um, e uma coisa não existe sem a outra, fazer e ser são como o Ying e o Yang, não existem separados.
Para descobrir o meu africano, a transformação das minhas acções teria de vir como uma consequência da minha expressão interior. Descobri-o quando comecei a fazer capoeira, quando bebi da fonte rastafari, quando nasceu a minha filha...
O Africano que escolho ser, é o de alguém que traça a sua origem a África, e que pertence à Raça Humana. África não é para onde vou, mas sim de onde vim. O meu caminho é para a Vida, para o compromisso da Criação, para a Paz e o Amor.
O maravilhoso da Perfeição da Criação, é que precisei de separar para poder juntar, precisei que me afastassem de África, para a poder encontrar, precisei que me despojassem de identidade para poder encontrar a minha Alma. Agradeço aos Anjos que me desafiaram a iluminar o meu caminho. Namastê.
...vivemos no paraíso, e neste Jardim o Homem terá tudo o que precisa. Assim é.
[fim.]
16 comentários:
Não somos do sítio em que nascemos, somos de onde nos sentimos bem...
Geralmente é quando nao temos o nosso canto que o sabemos nosso. De qualquer forma, e pelas tuas palavras,independentemente das raízes de onde vens ou dos destinos que traces para onde fores, aquilo que li nas entrelinhas é que és um Filho da Terra, em busca do alinhamento entre a sua vibraçao e a tua. O resto, é mera e simples geografia!
:)
"A MAN WITHOUT KNOWLEDGE OF HIS PAST IS LIKE A TREE WITHOUT ROOTS"
-Marcus Mosiah Garvey
Quantas vezes nao vemos expresso nas palavras de outros, as cores da nossa emoçao...
Como não quero sair do 1º lugar do Top Tagarelas, aqui estou eu "once again"...lol
Adorei o que escreveste...
Sinto que somos muito do que vivemos e do que passou por nós e não nos foi indiferente.
As nossas raízes deixam-nos um sabor na pele e um calor na alma que nos completa ainda mais...
Namasté!!!
Para mim nunca foste angolano nem português, nem africano, europeu, ou seja lá o q for... Sempre foste o Henda, o meu irmão - uma pessoa com uma experiência de vida própria, com um passado, um presente e um futuro, e com uma energia radiante q contagia todo o mundo... Somos todos transeuntes nesse planeta pequeno, somos todos irmãos, primos, tios e sobrinhos uns dos outros... afinal de contas somos todos família.
Um grande abraço
steppebird... sim, Família, é mesmo disso que falo, eu sei que compreendes. Axé!
Sim irmão sei do que falas,e não sabes a luz que transmites a toda a gente que te conhece e te rodeia,todas essas pessoas foram abençoadas com a tua luz.E tens toda a razão quando dizes que o caminho é para a vida a paz e o Amor,e não para a raiva o ódio a magoa a desconfiança todas essas forças são negativas e só atraem mais negativismo.Talvez seja importante saber de onde vimos mas è mais importante sabermos onde estamos e depois para onde vamos,mas acima de tudo com um bom Karma.
Namastê.
Somos aquilo que vamos traçando com os nossos passos, não? Eu sou ainda, então, a busca de um caminho interior que se faz cada vez mais na compreensão (imperfeita, pois é assim que sou e não me desejo perfeita e intocada!), no amor, na paz, nas coisas simples...
Brotah Nuno, tantos dias que duvidamos, que pensamos estar sós neste mundo, que nos sentimos abandonados... às vezes basta levantar um pouco a cabeça para ver tantas pessoas dispostas a dar tempo, carinho, amor... Assim inspiro-me para brilhar!
Sistah Andy, mais uma linda frase que gostaria de guardar...
Admiro a capacidade de te quereres imperfeita Sistah Mag, quero um bocadinho disso, para deixar de exigir de mim e dos outros expectativas surdas.
Jah Bless
Belo post e igualmente maravilhosos os comentários, sem dúvida;)
Tenho estado “ausente” com tarefas do dia a dia mas hoje, não resisti, passei por cá…
Para ser africano, é preciso ter nascido em África, ter vivido em África, ter pais Africanos, ter cor Africana?!...
Não concordo. Para sermos africanos, ou de onde quer que seja, basta que a África pertença o nosso coração… Não?
Lembro-me, em criança, de dizer que era angolana e de estranharem, no Alentejo: “então porque és tão loira?” Sempre me senti um pouco africana (talvez por isso, ainda em Angola, pedia à minha mãe que me fizésse muitas tranças no cabelo)… E sinto-me um pouco europeia também, da Terra ( até já me senti extra-terrestre ) e isso é bom!!!!
Quando te apetecer vê o post publicado a 6/Maio/09 pela Didium… “Sou da Terra onde Nasci…”
Geografias à parte, no fundo no fundo... Tu sabes de onde és. Vale?
Olha, sabes que mais? Nasci em Angola, assim como a minha Mãe e a minha Avó materna.A minha bisavó materna saiu da Madeira com 4 anos de idade. O meu Pai foi para lá, vindo do Porto.
Sei que não pertenço aqui, onde estou. Sou branca, dir-me-ão que não posso ser africana... Sei que a minha terra é Angola, se bem que não me identifique totalmente com os angolanos que lá vivem, também não me identifico com a maioria dos portugueses. Que fazer?
Um dia ir até lá, respirar fundo, cheirar a terra e sentir...
Um abraço!
Acho fácil dizer que somos de onde nos sentimos bem, mas o difícil é sentirmo-nos bem, quando não estamos bem nem aqui, nem ali, nem acolá. Quando a nossa alma deixou pedaços em tantos sítios que não podemos dizer "é aqui!". Passo a passo construímos a nossa casa, o nosso lar, criamos uma nova nação. Mas acho que um parte de nós fica orfã... para sempre? Daqui a tempos vos direi!
Jah Bless
Eu também não sei de onde sou, mas tenho a certeza que gostava de ser de onde tu és. Que orgulho!
Beijo grande,
Patrícia
"Tá-se bem... 'Tamos juntos!"
frase dita por Angolanos, Rastafaris, Malta decontraída, eu, tu, etc...
Jah Bless
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