Assim, para mim rastafari representa mais um dos pilares de quem eu sou. Se falarem comigo não me vão ver a fumar ganza, ou a pertencer a algum culto secreto, e muito menos ter bichos e cheiro fétido no meu cabelo. Inclusivamente se procuram rastas, comigo até poderão ficar um pouco desapontados, afinal de contas visto-me de maneira ocidental, trabalho numa grande instituição, sou psicólogo, etc... Será que sou rasta? Pois é, a primeira coisa que podemos pensar juntos é que o rastafari não se extingue naquilo que nós achamos que é, rastafari é mutável e evolutivo, e por isso quando o tentamos fixar, ele transmuta-se e surpreende-nos!
Mais concretamente, sinto rastafari como a expressão na diáspora de um desejo de voltar ao ventre materno arquetípico africano, o regresso ao Éden de onde fomos arrancados contra nossa vontade, o regresso triunfante a Zion depois das provações da Babilónia.
Muitas leituras podem ser feitas, desde as mais materiais, às mais místicas e simbólicas. Eu escolho pensar que este Êxodo é uma viagem interior ao nível psicológico e da identidade, com semelhança à circum-ambulação de Carl G. Jung (mandala), trata-se no fundo de encontrar a individualidade perdida, na síntese do reencontro entre a parte que partiu, e a que ficou!
Assim, o rastafari não é o africano, mas vem de lá e para lá retorna, diferente, mudado, acrescido, fechando o círculo da espiral do crescimento. No fundo nunca deixou de ser africano, mas para se conhecer, teve que abandonar África, separar-se violentamente do ventre materno, para durante uma vida fazer o caminho de volta.
A visão do rastafari que mais "tempo de antena" tem, acaba por descrever o "rastafarianismo" como:
"(...) a monotheistic, Abrahamic, new religious movement[1] that accepts Haile Selassie I, the former Emperor of Ethiopia, as the incarnation of God, called Jah[2] or Jah Rastafari."
(Um novo movimento religioso, monoteísta e Abraãmico, que aceita Haile Selassie I, antigo Imperador da Etiópia como a incarnação de Deus, chamado de Jah ou Jah Rastafari)
tradução livre de Lopes
(Um novo movimento religioso, monoteísta e Abraãmico, que aceita Haile Selassie I, antigo Imperador da Etiópia como a incarnação de Deus, chamado de Jah ou Jah Rastafari)
tradução livre de Lopes
Esta foi também a visão que partilhei durante muito tempo, e que era ao mesmo tempo um obstáculo para que abraçasse mais fortemente a cultura rastafari. Não há dúvida que há raízes importantes na origem deste movimento, mas os seus preceitos paz, amor e fraternidade são comuns a todas as tradições religiosas, e se isso não me convenceu a trilhar outros caminhos porque trilhar este?
Por causa de África. Por causa da minha própria condição, exilado num país que não reconheço como meu e onde me sinto estrangeiro. Esta lacuna provoca um desejo, um desejo de conhecer o que me falta, e assim dou o primeiro passo. Hip Hop, basquete, capoeira, rituais, Luanda, música... vou pesquisando e juntando as peças do puzzle da Africanidade perdida, não sou angolano, porque a minha busca não é política mas antropológica, psicológica, social, étnica... sou... ou procuro ser... africano.
Este afrocentrismo pretende cortar com as histórias de vitimização e auto-vitimização, e recuperar a importância e a auto-estima de toda a humanidade, pois a Humanidade só poderá ser livre quando cada um dos povos, comunidades, grupos étnico, etc., puder erguer a cabeça em orgulho do seu passado e do seu legado. (ver H.I.M. Discurso às Nações Unidas em 1963)
A capoeira ajudou-me a traduzir rastafari para mim. Ambas africanas, ambas com grande influência católica, mas lutando para se libertar do opressor, esquecendo apenas por momentos que são mestiças, filhas do oprimido e do opressor, como deve e tem de ser.
Ambas são mais construídas pelas pessoas que as practicam do que por um líder eleito oligarquicamente que se apresenta como a palavra sagrada ou mandatado por Deus.
Anarcas por natureza, procuram devolver o poder àquele que practica, não há regras, a não ser paz, amor e fraternidade, que se resume tudo ao amor, amor a Deus, amor a mim próprio, amor ao próximo, amor à minha comunidade, amor a toda a minha família de seres vivos e não vivos.
Rastafari através de InI procura deitar abaixo as barreiras que separam os seres e reconhecer (namaste) a divindade que cada um tem pulsando em si.
Os locks são também uma parte importante, representam o deixar o cabelo natural e livre, sem ter que imitar os cabelos dos ocidentais, há muitas mudanças a ocorrer e eu sou parte delas, porque também levo a minha mudança comigo... e que grande é esta viagem... Joy in Exodus!
Por causa de África. Por causa da minha própria condição, exilado num país que não reconheço como meu e onde me sinto estrangeiro. Esta lacuna provoca um desejo, um desejo de conhecer o que me falta, e assim dou o primeiro passo. Hip Hop, basquete, capoeira, rituais, Luanda, música... vou pesquisando e juntando as peças do puzzle da Africanidade perdida, não sou angolano, porque a minha busca não é política mas antropológica, psicológica, social, étnica... sou... ou procuro ser... africano.
Este afrocentrismo pretende cortar com as histórias de vitimização e auto-vitimização, e recuperar a importância e a auto-estima de toda a humanidade, pois a Humanidade só poderá ser livre quando cada um dos povos, comunidades, grupos étnico, etc., puder erguer a cabeça em orgulho do seu passado e do seu legado. (ver H.I.M. Discurso às Nações Unidas em 1963)
A capoeira ajudou-me a traduzir rastafari para mim. Ambas africanas, ambas com grande influência católica, mas lutando para se libertar do opressor, esquecendo apenas por momentos que são mestiças, filhas do oprimido e do opressor, como deve e tem de ser.
Ambas são mais construídas pelas pessoas que as practicam do que por um líder eleito oligarquicamente que se apresenta como a palavra sagrada ou mandatado por Deus.
Anarcas por natureza, procuram devolver o poder àquele que practica, não há regras, a não ser paz, amor e fraternidade, que se resume tudo ao amor, amor a Deus, amor a mim próprio, amor ao próximo, amor à minha comunidade, amor a toda a minha família de seres vivos e não vivos.
Rastafari através de InI procura deitar abaixo as barreiras que separam os seres e reconhecer (namaste) a divindade que cada um tem pulsando em si.
Os locks são também uma parte importante, representam o deixar o cabelo natural e livre, sem ter que imitar os cabelos dos ocidentais, há muitas mudanças a ocorrer e eu sou parte delas, porque também levo a minha mudança comigo... e que grande é esta viagem... Joy in Exodus!
1 comentário:
A paz de Jah irmã gostei muito de seu blog essas leituras suas são fantasticas,realmente a vida em Jah é em abundancia gostaria de poder usar uma imagem sua esse do circulo com o leão de juda agradeço a ti e a Deus
Jah Bless
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