A cultura pode ser vista como a identidade de um povo, como a cosmogonia de um povo, a sua maneira de ver o mundo, as forças que o animam, e assim aquilo em que acredita, aquilo que o ajudou a sobreviver.
A identidade de um povo é como a identidade de alguém. Não muda porque outros acham que deve ser mudada, não muda porque "nós" queremos, muda porque se quer mudar a si própria, é a única que o pode fazer.
Podemos criar sanções económicas, ameaçar, usar a polícia, mas no final, as pessoas/povos farão aquilo em que acreditam, e se sentirem a repressão provavelmente dos "outros" até rigidificarão as suas práticas numa tentativa de não se "perderem" e manterem a sua identidade, a sua pertença.
A mudança só pode ser feita por quem quer mudar, e são essas vozes que podemos e devemos apoiar, devemos facilitar e não forçar a mudança.
Não falo de nos escondermos atrás do "ai isso é cultural...", mas sim de compreender que certas práticas servem uma identidade e um propósito que embora não façam já sentido do ponto de vista prático, continuam a dar segurança de identidade e pertença a quem as pratica. É preciso evoluir sim, mas através da exposição não impositiva a outros modelos, através da partilha, através do amor e do perdão.
Concordo quando dizes que o difícil é fazer a interculturalidade dentro de nós, olhar para outras culturas e aprender com elas, aprender mais sobre a nossa própria cultura, olhar para outras e fazer crescer a nossa cultura... Talvez neste gesto de amor incondicional o outro possa ganhar a força para crescer também.
Talvez possamos aprender a tratar melhor a natureza, ou ter uma relação de respeito com os idosos, a ter atenção ao que comemos, ter a divindade presente em cada momento das nossas vidas.
... Espero que outros aprendam a viver a energia feminina sem a quererem subjugar.
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4 comentários:
Já comentei no Laranja, venho aqui fazer uma análise mais séria, que lá foi só para me envaidecer :)
Este curso que estive a fazer sobre Voluntariado surpreendeu-me nestas reflexões profundas sobre temáticas com as quais muitos de nós não se preocupam no dia-a-dia. Sinto-me mais rica por poder ter absorvido as diferentes perspectivas dos colegas formandos, sem censura alguma, apenas num espírito (puro) de troca. Muito bom.
E isto aplica-se (ou eu gostaria que assim fosse) na nossa vida diária. Sei que é bem mais fácil tentar impôr o nosso mundo aos outros, "empurrá-los" com as nossas (supostas) certezas. Prático, não? Errado. Enriquece-se muito mais com as diferenças, com o debate, com a partilha. A compreensão é uma coisa fantástica: tem o condão de nos libertar, de nos fazer sentir leves.
Pelo menos a mim... faz! :) E quero continuar a crescer assim :)
Beijo
Obrigado Mag, por me dares a oportunidade de reflectir sobre este ponto, gosto do que dizes, e gosto da maneira como o dizes... Ando muito interessado no tema, talvez pudessemos falar um pouco... Jah Bless
Claro que sim, com imenso prazer.
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